Comprar é uma atividade comum para a maioria dos seres humanos. É por meio dela que adquirimos nossos bens, nos alimentamos, nos vestimos e temos uma vida confortável dentro de certos padrões. Além disso, comprar e vender produtos e serviços é o que faz a economia girar. O grande problema acontece quando esse processo deixa de ser saudável e passa a ser doentio, uma linha tênue que, se atravessada, é difícil voltar atrás no nível de consumismo. Mas, porque somos tão consumistas?
Os motivos pelos quais somos consumistas
Veja se você se identifica com a seguinte situação: sempre que você passa por uma vitrine de lojas do seu artigo preferido é difícil resistir. Se você não tiver dinheiro para comprar naquele momento, certamente leva o produto pagando no cartão de crédito. Ao longo do mês, essa cena se repete várias vezes e quando a fatura chega em casa, a sensação é de desespero ou arrependimento. Se você se reconheceu, provavelmente você está tendo um comportamento consumista.
Como em qualquer aspecto das nossas vidas, para mudar o primeiro passo é reconhecer. Uma vez que você consegue identificar que pode transformar sua atitude consumista em algo mais saudável, poderá operar os ajustes necessários. Entretanto, você precisa saber que o consumo exacerbado tem inúmeros motivos, elementos que são somados ao longo de nossas vidas que nos fazem ter esses comportamentos não tão positivos.
Para começar, um ponto em comum entre as pessoas que gastam demais é a falta de conhecimento financeiro. Nossos primeiros contatos com o dinheiro acontecem ainda na infância, com a percepção de como os pais administram o dinheiro que entra em casa. Ou seja, se você não teve a oportunidade de ter bons exemplos em casa, ou se os seus pais também não tinham muito controle financeiro, possivelmente você repetirá esses padrões. Assim, caso você tenha filhos, saiba que esse é o momento que você pode mostrar com atitudes como ser responsável financeiramente (ou incentivar o consumismo infantil, algo que ninguém deseja).
Outro motivo relacionado ao consumismo é a falta de disciplina. Isso faz com que o ato de poupar dinheiro seja mais difícil e o impulso na hora da compra seja muito maior. Se você não desenvolveu a disciplina necessária para resistir aos apelos das marcas, produtos e vitrines, existem possibilidades maiores de um gasto descontrolado. Mas, ao final desse artigo você encontra dicas para ter mais disciplina.
Há também a dificuldade de compreender que conquistas maiores exigem um certo controle, e que o consumismo é um fator importante para te impedir de atingir os seus objetivos. Conscientemente, você pode até saber disso, mas na prática opta por comprar um bem que trará conforto momentâneo. É por isso que é tão difícil guardar dinheiro em uma poupança ou em um fundo de investimento, mas é tão fácil comprar um celular de última geração.
Por fim, há também o aspecto social. Muitas pessoas passaram por dificuldades financeiras quando crianças, desenvolvendo o sentimento de inferioridade. Quando começam a ganhar dinheiro, essas pessoas decidem “mostrar ao mundo” que estão melhores agora. É aí que entra a famosa palavra “ostentação”. Nesses casos, o consumo não tem relação nenhuma com necessidades fisiológicas, mas são totalmente conectadas ao psicológico.
Consumo e consumismo
Falando assim, a impressão que temos é que o ato de consumir é muito prejudicial. Na verdade, não há nada de errado em comprar aquilo que você deseja – desde que você se planeje para isso. Isso significa aprender, ainda que na fase adulta, a ter disciplina e poupar para o futuro. A lógica de aproveitar tudo que a vida oferece é ótima na teoria, mas ela só funciona se tivermos condições para todas as fases, incluindo aquelas que ainda virão. Consumir não é um problema, o consumismo é.
Mas qual é a diferença entre consumo e consumismo? Embora as palavras sejam muito semelhantes, contam com significados únicos. O consumo e consumismo estão ligados por se tratar do ato de comprar, mas na primeira palavra, consumo, o significado tem relação com comprar somente aquilo que você necessita, já no consumismo os gastos são excessivos e, em sua maioria, supérfluos.
Não existe uma definição sobre o que é “supérfluo”. O que entra nessa categoria vai de cada pessoa. Se para alguém tomar café da manhã na panificadora todos os dias pode ser indiferente, para mim é muito importante e impacta no meu bem estar. Não há problema em definir suas prioridades e gastar com o que você gosta, ainda que para os outros não seja tão importante. O desafio é não deixar que isso te coloque em uma situação crítica com dívidas ou te impeça de conquistar outros sonhos maiores. Foco é tudo nessa hora.
Como não ser consumista?
Após ler todo esse artigo você percebeu que sua relação consumo e consumismo está desequilibrada? A boa notícia é que é possível mudar! Separamos algumas dicas para te ajudar a evitar o consumismo com simples e práticas atitudes. Confira a seguir:
- Tenha um objetivo: como bem dito pelo gato no filme “Alice no País das Maravilhas”, se você não tem um destino, qualquer caminho serve. Ter um objetivo em mente te ajuda a manter o foco e evitar as armadilhas das compras. Então, escolha um bom motivo para guardar dinheiro, seja uma viagem, adquirir um carro, quitar seu imóvel, enfim. Cada vez que você quiser comprar, lembre-se do seu objetivo e como essa “comprinha” vai te afastar do objetivo.
- Dinheiro é melhor que cartão: se você tem problemas em se controlar nas compras, evite andar com o cartão de crédito ou débito. Ande somente com o dinheiro, pois ele te dá mais noção do quanto está gastando e quanto ainda tem para gastar.
- Shopping não é passeio: muita gente vai ao shopping para passear e acaba comprando o que não precisava. Se você não tem um bom motivo para ir ao shopping, apenas não vá! Aproveite o tempo para conhecer outras áreas da sua cidade (se forem gratuitas melhor ainda).
- Redes sociais: é só passar alguns minutos nas redes sociais para perceber a quantidade de publicidade presente. Se você tem uma tendência à comprar roupa, deixe de acompanhar perfis que são focados na moda. Isso se aplica para todos os interesses. Consumir de forma consciente é muito importante e isso começa nas referenciais que absorvemos.
- Compre o necessário: faça uma lista de compras antes de sair de casa e permaneça focado nessa lista. Se não está nela, não é tão necessário.
- Seja racional: não vá comprar quando estiver com as emoções abaladas. Também não trate o consumo como forma de compensar as dificuldades da vida. Se você não está bem, evite as compras.
- Seja feliz com o que tem: olhe ao seu redor e valorize o que você tem. Uma proposta interessante de consumo consciente é o guarda-roupa cápsula. Nele, a pessoa separa uma quantidade limitada de peças de roupas para usar naquela estação. Quando acaba essa fase, outros itens do armário podem ser usados, gerando a sensação de que você ganhou uma loja novinha para experimentar – sendo que tudo já era seu!
Equilibrar essa relação de consumo e consumismo é possível, e acredite: vai transformar a forma que você vê a vida. Lembre-se que deixar de comprar algo pode colaborar para a conquista de algo muito maior e melhor. Seja consciente na sua vida financeira.